Quem trabalha com comunicação ou pesquisa digital constantemente se depara com uma avalanche de dados que, se não for bem tratada, pode se tornar uma poderosa dor de cabeça. Profissionais de métricas e monitoramento, por exemplo, já têm no seu escopo de trabalho uma função dedicada por completo à elaboração de relatórios que devem apresentar de maneira rápida e clara todo o seu esforço de pesquisa e análise de dados. Com um cenário que exige cada vez mais resultados “concretos”, não é de se estranhar nos últimos anos uma crescente preocupação pelo modo como essa história vai ser contada.
Para isso, já existe algumas premissas básicas que nos ajudam a guiar a construção desse enredo: pensar nos objetivos que precisam ser verificados, o público que vai consumir aquele produto e qual é o principal argumento que desejo apresentar. Aliado a isso, no entanto, é preciso que o responsável pela elaboração desse relatório possua um repertório de conhecimento no que comumente chamamos de visualização de dados (ou dataviz, em inglês). Em suma, trata-se de compreender técnicas e formatos básicos para apresentar de forma visual dados em reportagens, trabalhos, análises e relatórios. Ou seja, é uma combinação entre conceitos matemáticos e de design para traduzir de forma agradável o que se deseja passar.
Os dois gráficos acima fazem parte do projeto “Representantes e representados”, divulgado pelo Estadão Dados em 2016. Esse tipo de gráfico específico é conhecido como gridplot, geralmente utilizado para mostrar a porcentagem da informação a partir de números totais. Se pararmos para analisar os pilares básicos já pontuados (objetivo, público e argumento), podemos concluir que a escolha consciente desse tipo de gráfico atende justamente ao argumento e objetivo que deseja ser transmitido: há uma desigualdade enorme de representatividade entre a população brasileira e as Câmaras municipais brasileiras. Por ter um impacto visual forte, facilita a compreensão do público para enxergar com os próprios olhos como se dá essa discrepância.
Os dois gráficos acima, do projeto “Os padrinhos”, também do Estadão Dados divulgado ainda em 2014, é um outro exemplo de como a visualização de dados pode trabalhar a seu favor. A proposta é apresentar para um público idealmente leigo quem forma os principais doadores privados que ajudaram a financiar as campanhas de deputados federais e estaduais, governadores, presidente e senadores. Esse tipo de gráfico se chama treemap, é utilizado para relações hierárquicas de “parte-para-total”. Visualmente, assim como os anteriores, facilitam bastante o impacto para que o leitor consiga entender o tamanho das doações feitas por quem e para quem.
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