Quando pensamos em visualização de dados, na maior parte das vezes pensamos em ferramentas, técnicas e infográficos. Mas antes disso é importante sempre lembrar que visualização de dados possui bons conceitos e padrões envolvidos. Listei aqui sete erros clássicos feitos na maioria dos gráficos de pizza.
Erro 1 – O 3D
O 3D pode dar até aquele efeito para “impressionar”, mas não é nem um pouco recomendado. Um gráfico serve para visualmente encontrar e exibir padrões e diferenças. Essa terceira dimensão de profundidade no gráfico não ajuda, só atrapalha. De longe pode até ficar legal, mas de perto é ruim. O 3D beneficia as partes da pizza de baixo em detrimento da parte de cima e dá uma impressão que são maiores. Em resumo: não utilize nunca gráficos 3D quando não for necessária uma terceira variável.
Erro 2 – A ordem das categorias
Nosso cérebro sempre vai usar atalhos cognitivos para tentar entender de forma mais fácil e rápida a realidade. Com os gráficos, isso funciona de modo similar. Nós procuramos um padrão para ler os gráficos e entender o que está acontecendo. No caso do gráfico de pizza, qual é o padrão mais próximo? O do relógio! Sim, começamos a olhar um gráfico circular do meio para baixo no sentido horário. Então o recomendável é sempre colocar as categorias maiores primeiro, facilita a leitura.
Erro 3 – Legendas longe não ajudam
É sempre muito ruim ter a informação da legenda longe. Você fica olhando para um lado, volta pra pizza, conclui algo, volta pra legenda, enfim. Utilize, sempre que possível, legendas com os rótulos dos dados perto das partes das pizzas.
Erro 4 – As cores
Cores do mesmo tom não ajudam, ainda mais se a sua legenda estiver longe. Se os seus dados são qualitativos categóricos, o ideal é utilizar cores bem distintas e tomar cuidado com o tipo de impressão que o gráfico pode ter, vai que seu artigo fica famoso e todo mundo quer tirar cópia ou imprimir sem cores em uma Universidade? Se ficar em dúvida, sugiro sempre olhar esse site aqui: http://colorbrewer2.org/ Ele é especialmente desenhado para Mapas, mas pode te ajudar a escolher as cores ideais.
No exemplo do post, nós temos uma escala de concordância de pontos com uma categoria extra de “não respondeu”. Podemos entender como uma escala qualitativa ordinal, ou seja, existe a princípio uma ordem pré-definida das categorias, ou ainda: o Concorda Plenamente é “maior/menor” que o Discorda Plenamente. Optei por utilizar uma escala de cores simples, mas que pode ajudar a interpretar o gráfico: verde para as categorias de concordância e vermelho para as categorias de discordância. Amarelo para a categoria central e cinza para a categoria residual da minha análise que é o Não Respondeu. Acho uma boa escolha pois segue um padrão clássico do semáforo de rua. Mas, cuidado, eventualmente você não vai querer dar uma conotação de vermelho para a suas categorias de discordância.
Erro 5 – Título
Não esqueça do título do gráfico junto a sua imagem. Alguém pode pegar e esquecer de colocar o título e vira aquele telefone sem fio de gráfico. Ninguém lembra a pergunta, o que significa a quantidade de respondentes e etc…
Erro 6 – Muitas categorias
Utilize pizzas para dados dicotômicos. Na minha opinião é o único dado que faz realmente sentido utilizar pizza. Serve para você dar a dimensão de contraposição muito bem.
Em nosso exemplo, fica mais fácil abreviar os dados para por exemplo analisar apenas a proporção de discordância ou de concordância. Associe essa informação diretamente ao seu indicador chave de performance ou a sua variável esperada do seu objetivo. Proporção de mulheres, proporção de elogios e etc. O ideal é seguir as outras dicas: coloque cor apenas na modalidade que você está analisando, agrupe as demais e ela deveria ficar em primeiro na pizza. Mesmo se ela não for a modalidade maior, vai te ajudar a interpretar melhor o seu gráfico.
Erro 7 – A própria pizza…
Por último e mais importante: a própria pizza é um problema! Confesso que não entendo a paixão ou a grande utilização desse tipo de gráfico. Na verdade desconfio que a culpa seja da Microsoft e do Excel que tenha colocado como um dos primeiros gráficos quando você vai adicionar qualquer gráfico. Gráfico de pizza são ruins. Na verdade, são péssimos pelos mesmos motivos que eu listei aqui para tentar melhorá-lo. Não é mais simples ler um gráfico em que fique muito claro a diferença entre as partes, que as categorias fiquem na ordem adequada, que as legendas estejam próximas e que as cores não atrapalhem? Pois bem, gráficos de barras e colunas são bem mais fáceis para isso.
Costumo indicar o gráfico de barras para dados categóricos qualitativos, mas sempre ordenado da maior frequência para a menor. Importante deixar a categoria residual (ou a “menos” importante, como “Outros” e não respondeu/não sabe) por último. O cérebro vai buscar o padrão de “ranking”.
No nosso exemplo, estamos mostrando uma escala ordinal, certo? Então vai ser mais fácil você utilizá-lo com um gráfico de coluna, pois seu cérebro vai encontrar o padrão da régua e vai sempre associar um valor diferente na medida em que a régua aumenta.
Então você já associa um valor esperado para sua categoria. Se ela está mais concentrada na esquerda ou na direita, você já vai ter uma informação mais fácil de visualizar que no gráfico de barras.