Conseguir contar uma história coerente e coesa é sempre um desafio para quem trabalha com dados. Como bem sabemos, a consolidação da internet e a proliferação das mídias sociais no Brasil e em centenas de países do mundo garantiu às últimas décadas o marco do período em que mais deixamos rastros (principalmente digitais) enquanto civilizações contemporâneas. Não é de se espantar, portanto, que, nos últimos anos, diversos campos de estudos – estatística, programação, ciência de dados, etc. – têm se dedicado ao trabalho de dar conta de todos esses dados.
Uma das abordagens que tem sido bastante utilizada para resolver essa problemática é utilização de conhecimentos, habilidades e técnicas de visualização de dados. Os trabalhos – e debates – sobre “dataviz” têm sido cada vez mais frequentes no mercado e na academia, com uma preocupação constante em encontrar maneiras simples, diretas e responsáveis de traduzir para diferentes públicos como aquela informação pode ser útil de alguma forma – você pode encontrar na nossa lista de 100 fontes vários pesquisadores e profissionais que se debruçam sobre essa temática.
No Brasil, esse trabalho tem sido desenvolvido – embora ainda a passos curtos – por jornais de grande circulação, como Folha de S. Paulo, O Globo e Estadão. Este último tem sido desenvolvido principalmente por Rodrigo Burgarelli, formado em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais e mestre em Ciência Política pela USP. Um de seus trabalhos mais notáveis foi produzido em 2015 para o blog EstadãoDados: “7 gráficos que explicam a farra do financiamento estudantil”. Essa produção, que mostrava várias falhas e abusos relacionado ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), programa federal de bolsas para faculdades particulares, recebeu o Prêmio ExxonMobil de Jornalismo.
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Com visualizações relativamente simples, Burgarelli – em parceria com Rodrigo Saldaña – pôde escancarar vários problemas e incongruências relacionados ao programa principalmente a partir de 2010. No gráfico abaixo, por exemplo, é possível ler como o crescimento dos alunos do FIES cresceu muito em relação ao crescimento total do alunos em rede privada. Com esses e outros dados, foi possível contar uma história que mostrasse ao leitor de forma sucinta, direta e clara quais eram os argumentos que os autores queriam acionar. Para isso, é possível contar com dados disponibilizados de forma aberta por instituições governamentais como o Tribunal Superior do Trabalho (TSE), IBGE e o próprio Ministério da Educação.
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vis 260x276 1 É nesse contexto fértil que o IBPAD lança a primeira edição do curso Introdução à Visualização de Dados, a ser realizado em São Paulo no dia 18 de fevereiro. Muito além de jornalistas, o curso atende a todos os profissionais que têm interesse em aprimorar sua capacidade de interpretação e análise de dados, bem como sobre como apresentá-los de maneira didática para outros públicos.
Na página do curso já é possível tomar conhecimento do conteúdo programático e de mais informações do professor, Rodrigo Burgarelli, que também conta com outras produções de visualizações de dados listada. Faça já a sua inscrição!