Com quase 2 bilhões de usuários ativos, o Facebook é de longe a mídia social mais poderosa do mundo. A empresa de Mark Zuckerberg – também dono do Instagram e WhatsApp – detém informações de bilhões de pessoas que compartilham, diariamente, publicações pessoais (íntimas ou não) na plataforma. É de se esperar, portanto, que o site tenha se tornado o maior banco de dados da história da humanidade capaz de avaliar, averiguar e pesquisar questões relacionadas às pessoas, suas relações sociais, dentre outras possibilidades.
Infelizmente, sob o argumento de ética e responsabilidade com seus usuários, a empresa mantém guardada a sete chaves todos esses dados extremamente ricos – o que não impede que ela venha a vendê-los para quem pagar mais. No entanto, há um esforço dentro da própria empresa para produzir conhecimento científico e acadêmico que utilize toda essa fonte de riqueza para compreender algumas questões relevantes do mundo atual. Abaixo, listamos 10 estudos feitos por pesquisadores e cientistas do Facebook com dados que você liberou:

 

1. Quantos passos médios de separação há entre você e qualquer pessoa do mundo

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Se você já fez alguma edição presencial ou está atualmente fazendo o nosso curso de Análise de Redes em Mídias Sociais, já conhece essa pesquisa. Baseado no experimento de mundo pequeno de Stanley Milgram, no qual analisou o quão conectados americanos estavam uns dos outros, cientistas do Facebook – o maior site de rede social do mundo ocidental na atualidade – calcularam o grau de separação entre os usuários da plataforma. O resultado: um usuário “comum” está conectado a qualquer outra pessoa por uma média de 3.57 graus de separação – a maioria das pessoas têm uma média entre 3 e 4 passos.

 

2. Como as bolhas políticas funcionam

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Um dos principais tópicos de debate da internet nos últimos anos é o mito (ou não) das chamadas “bolhas sociais”. De acordo com esse argumento, razoavelmente fundamentado na lógica do algoritmo do Facebook para exibir publicações no feed dos usuários, estaríamos criando para nós mesmos bolhas ideológicas confortáveis com os mesmos valores internos. Para por isso a prova, o Facebook realizou algumas pesquisas que trouxeram algumas contra-argumentações iniciais: a maioria das informações que vemos vêm de laços fracos (conhecidos e não amigos próximos); usuários tendem a engajar com conteúdo contrário às suas visões quando apresentados com informações sociais e; as pessoas têm amizades com ideologias políticas opostas e o feed representa essas visões diversas.

 

3. Como a morte de alguém deixa seus amigos mais próximos

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Outro debate recorrente – e que tende a se intensificar nas próximas décadas, por motivos óbvios – é o post-mortem digital. Enquanto a discussão geralmente envolve “o que fazer com a conta do usuário falecido”, cientistas do Facebook tiveram outra indagação: as redes sociais (digitais) ajudam no processo de cura em torno de um indivíduo? Avaliaram, então, aproximadamente 15.000 redes do Facebook nas quais algum usuário havia falecido com redes de amizade semelhantes entre usuários ativos. Em suma, perceberam que o volume de interação social foi reduzido com o falecimento de um amigo, entretanto, os amigos dessa pessoa imediatamente aumentaram as interações entre si e mantiveram essas interações por anos após a perda.

 

4. Como os laços fracos ajudam – ou não – a encontrar emprego no mundo

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Um dos maios reconhecidos conceitos de redes sociais é o de “laços fracos”, proposto por Mark Granovetter. Na década de 70, o sociólogo averiguou que as conexões “fracas” entre as pessoas eram muito importantes na busca por um emprego – ou seja, era mais comum conseguir um trabalho através de um conhecido do que de um amigo mais próximo. Em experimento semelhante, cientistas do Facebook usaram uma base de dados de quase 17 milhões de laços sociais em 55 países para verificar se a conclusão se mantinha verdadeira. Chegaram, então, ao seguinte resultado: mais pessoas conseguem emprego onde seus laços fracos trabalham, entretanto, não é porque os laços fracos são mais úteis do que os laços fortes – mas porque são muito mais numerosos.

 

5. Como o uso positivo das mídias sociais diminui comportamentos de risco

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Algumas pesquisas na área de saúde constatam que amizades e outras relações sociais podem ajudar na longevidade humana – em outras palavras, quanto mais “solitário”, maiores as probabilidades de desenvolver problemas de saúde. Para tratar se essa questão também se aplicava às relações sociais online, o Facebook analisou 12 milhões de perfis e cruzou as informações com registros vitais do Departamento de Saúde Pública da Califórnia – utilizando modelos estatísticos longitudinais para verificar se o uso da plataforma estava associado a uma “vida mais longa”. O resultado mostrou que receber pedidos de amizade online está associado com um índice de mortalidade reduzido, mas iniciar amizades não está.

 

6. Diferenças entre homens e mulheres nas postagens

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Na tentativa de identificar que tipo de conteúdo homens e mulheres mais compartilham no Facebook, pesquisadores analisaram mais de 5 milhões de publicações na plataforma e determinaram quais tópicos têm maior tendência de engajamento (curtidas e comentários) em cada grupo. Também aproveitaram para explorar como homens e mulheres reagiam de forma diferente em debates específicos, sobre questões pessoais, política e esportes, por exemplo.

 

7. Como relacionamentos podem ser identificados na estrutura das redes

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Um pesquisador acadêmico e um engenheiro do Facebook buscaram analisar se, ao observar a estrutura das relações de amizade de um usuário da plataforma, seria possível localizar seu/sua parceiro/parceira apenas através da análise de redes. Utilizando uma base de dados de 1.3 milhões de usuários aleatórios (maiores de 20 anos e com 50 a 2.000 amigos) que listavam um relacionamento em seu perfis, descobrirem que é possível fazer essa identificação através de uma medida de força dos laços que chamaram de “dispersão”: “a extensão na qual amigos mútuos de dois amigos não estão bem conectados entre si” – ou seja, o cônjuge é aquele que faz a ponte entre dois clusters com várias conexões internas.

 

8. A qualidade do debate na era dos comentários da esfera pública

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Ignorando a piada para “nunca ler os comentários”, cientistas do Facebook resolveram analisar como as relações conversacionais entre usuários que não são amigos podem se desenvolver a partir de diferentes abordagens mais “qualificadas”. Para investigar essa influência entre pessoas desconhecidas na esfera pública digital, analisaram grandes páginas da plataforma e descobriram que há uma diferença de feedback para aqueles comentários com maior qualidade (no que diz respeito à apresentação de argumentos, por exemplo).

 

9. Como manipular o seu humor e sentimentos

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Você já entrou no Facebook, começou a ler o feed e, enquanto ainda rolava a barra de rolagem, pensou o quanto o mundo está perdido? Não é um sentimento incomum, e poderíamos dizer que acontece também ao assistirmos o jornal na TV. Um polêmico experimento realizado por cientistas do Facebook, entretanto, levantou questões sobre a ética sempre duvidosa da empresa: manipularam o feed de um grupo seleto de usuários para testar a influência de “positividade” e “negatividade” nas redes sociais. Descobriram que, ao exibir menos publicações de caráter negativo (através de um sistema de identificação de termos negativos baseado num dicionário da língua inglesa), os usuários estavam mais propensos a compartilhar mensagens e/ou publicações positivas – e vice-versa, numa espécie de contágio social.

 

10. Conectar-se com amigos próximos melhora o bem-estar

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Para finalizar, outro mito que o Facebook tinha interesse em desmentir é o de que a tecnologia tem nos deixado cada vez menos “próximos” (intimamente) uns dos outros. Resolveram, então, revisitar dois estudos com 15 anos de diferença para averiguar como a tecnologia afeta o nosso bem-estar: descobriram que o efeito da internet no bem-estar das pessoas depende do modo como elas usam. A conexão – mesmo virtual – com amigos próximos pode ser visto como alto positivo, enquanto a exposição a estranhos nem tanto. Ainda assim, reforçaram que não há como superar essa questão, já que medir esse propósito passa por diversos atravessamentos subjetivos.