Com a minirreforma eleitoral sancionada em 2019 e a pandemia do novo coronavírus, a disputa de 2020 apresenta variáveis que não foram testadas em nenhuma outra eleição. No entanto, um debate que não é novo, mas ficou em evidência durante o último pleito foi o uso de notícias falsas como estratégia para atingir candidaturas. Infelizmente não existe um processo que em definitivo limite o impacto de uma notícia falsa durante uma campanha. Contudo, três etapas são sempre necessárias neste enfrentamento: monitorar, responder e denunciar.
Antes, o passo 0 para ter capacidade para lidar com as fake news é garantir um time estratégico ligado a presença digital do candidato. “O maior ativo de qualquer campanha é o tempo que você aloca para cada frente e o tempo de alocação para mensuração e resposta de fake news só tem aumentado nas campanhas”, afirma o CEO do IDEIA Big Data.
Ou seja, é preciso ter clareza de que seu candidato possivelmente vai enfrentar fake news, e de que um time capacitado é essencial para lidar e gastar somente o tempo necessário no combate. Assim sobra tempo para debate e proposição de ideias. Dito isso, é preciso que a equipe saiba:

1. Monitorar

Primeiro, entenda a realidade do seu nicho eleitoral e da sua comunidade.
Se a campanha é para uma cidade pequena, monitorar o Twitter pode não ser a melhor saída. Qual o volume de menções a políticos da sua região nesta rede?
Rádios, blogueiros locais, grupos de Whatsapp e Facebook podem fazer mais sentido para acompanhar a percepção da população. Faça uma levantamento do acesso à internet, hábitos de consumo, histórico de comportamento da comunidade nas eleições passadas.
Lembre-se: não existe um protocolo fechado de como deve ser feito o monitoramento de notícias falsas durante as eleições. O mais importante é seguir as boas práticas e ter confiança de que seu time está escutando não apenas seus fãs ou seus odiadores.

2. Responder

Aconteceu. Sua equipe identificou uma notícia falsa circulando em grupo do Facebook da cidade. O que fazer? Aqui o mais importante é dimensionar o problema.
Imagine duas situações. A primeira é onde um odiador da sua campanha começa a postar todo dia uma notícia falsa no grupo da cidade, as postagens tem baixo engajamento e nenhum comentário.  A segunda é uma notícia que apareceu a partir de uma verdade mal explicada, existe um vídeo do candidato que foi tirado do contexto. O conteúdo está viralizando nos grupos de Whatsapp locais.
Aqui vale a lei de proporcionalidade da reação. Desmentir uma notícia falsa que tem baixo engajamento e alcance pode ter o efeito de aumentar e espalhar ainda mais o conteúdo. Ao contrário, uma resposta tímida a um vídeo viral pode fazer com que o candidato perca um eleitores já conquistados.
Aqui, a teoria de redes pode ajudar a entender como agir. Se a notícia está concentrada em um nicho, reflita se vale a pena informar que uma notícia é falsa para outros.

3. Denunciar

Nem todos espalham notícias falsas por ignorância. Um estudo da Universidade de Regina, Canadá, aponta que usuários compartilham fake news mesmo sabendo que não é verídico. As chances de compartilhar, independente da fonte,  aumenta quando a informação concorda com uma opinião do participante.
Por isso, é preciso estabelecer um protocolo de denúncia. Converse com os advogados da campanha para entender como abordar o assunto durante o pleito. Denuncie as postagens às plataformas, crie mecanismos para que voluntários e eleitores possam denunciar à equipe.

Este conteúdo é parte do debate sobre dados e inteligência eleitoral promovido pelo IBPAD na última segunda-feira (06/7). Para conferir o conteúdo completo assista a live no nosso canal do Youtube.