O problema da abundância de dados digitais é um desafio que vem sido enfrentado por diversas frentes do conhecimento tanto na academia quanto no mercado e na sociedade. Quando falamos mais especificamente de rastros sociais digitais, a área de comunicação, principalmente a publicidade, tem sido o principal vetor a se apropriar desses dados para oferecê-los de forma lucrativa às empresas de todo o Brasil.
No entanto, ao avaliarmos outra vertente da comunicação, como o jornalismo, quais práticas têm sido realizadas pelos profissionais e veículos de comunicação de massa para dar conta desse amontoado de informações? No nosso mais novo livro, Monitoramento e Pesquisa em Mídias Sociais: metodologias, aplicações e inovações, a professora Soraia Lima produz um mapeamento de algumas das discussões e aplicações relacionados ao chamado Jornalismo de Dados – o segundo com uma análise mais específica do cenário brasileiro.
No capítulo “Jornalismo de Dados no Brasil: tendências e desafios”, ela oferece uma breve recapitulação do processo de digitalização que ocorreu nas redações do país, principalmente a partir dos anos 2000, discutindo a introdução de novas ferramentas para o tratamento de dados e a adoção de políticas públicas de acesso à informação/dados abertos; e trazendo à tona o embate semântico que envolve o termo.
“Jornalismo de Dados vai além do uso de dados no fazer jornalístico. Trata-se de saber trabalhar com os dados de modo que o profissional, ao fazer a mineração desse material bruto, consiga enxergar e disponibilizar, por meio de uma narrativa e da disponibilização dos próprios dados, a história que tais números tentam contar. […] Jornalismo de Dados envolve processos, produtos, habilidades e a convergência de diversos campos do conhecimento de modo a trazer para a sociedade narrativas jornalísticas de interesse público.”
Frente a um cenário sintomático dos tempos atuais, onde há uma enxurrada de informações e um tempo de processamento cada vez mais urgente (tanto em agências de publicidade quanto em redações de jornais), a autora traz algumas soluções responsáveis – textos e manuais disponibilizados por veículos, estudiosos e pesquisadores – que têm sido desenvolvidas nos últimos anos para superar dois problemas centrais quanto se trata de jornalismo de dados: data porn (dados apenas pela sua beleza de vê-los) e data churnalism (dados descontextualizados e reaproveitados para pautar argumentos editoriais). Nesse contexto, analisa o atual cenário brasileiro de alguns veículos que têm executado a prática do jornalismo de dados – seja de forma independente ou através de parcerias entre instituições de ensino, plataformas e ferramentas de análise de mídias sociais e agências.
O capítulo ainda traz uma discussão importante sobre quais são (ou deveriam ser) os próximos passos para que houvesse, no Brasil, um avanço em relação a esse recente fenômeno. Nesse contexto, avalia questões básicas do jornalismo, analisando como atualizar de maneira ética e responsável as demandas de um consumidor digital que também se tornou produtor e deixa rastros por toda a internet.
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