Há anos os casos de dengue no Brasil são um problema de saúde pública, principalmente em certas épocas do ano em que o clima é propício para a sobrevivência do mosquito. Em 2015, foram contabilizados 1,6 milhões de casos de dengue, um dos índices mais altos dessa história, que começou lá na década de 70 no país. Entre 2002 e 2015 foram contabilizados 250 mil casos na região nordeste, o que demonstra que a saúde pública precisa encontrar novas soluções e discutir o tema entre várias áreas de conhecimento.
Em sua dissertação de mestrado “Saúde e ambiente: contribuições para a análise da dengue no município de São Luís, Maranhão” na área de saúde pública da Universidade Federal do Maranhão, Audivan Garces utilizou ferramentas de geolocalização para compreender a frequência e a incidência de casos entre os bairros buscando padrões e correlações entre clima, condições ambientais e dados sobre dengue. Como recorte foram escolhidos os anos de 2012 a 2015 em que foram registrados 5.520 casos na cidade, para que se fizesse um comparativo entre os casos e a localização em que ocorriam.
Após o levantamento histórico das epidemias de dengue, o autor levantou dados climáticos do Censo do IBGE e cruzou com o número de casos de dengue, índices de infestação, dados socioambientais e alertas do IIP (Índice de Infestação Predial). E para cruzar os dados e elaborar uma análise por bairros, fez uso das ferramentas Google Earth Pro, ArcGis e QGIS para mapear os casos de dengue de São Luís, MA.
O QGIS é um sistema de georreferenciamento gratuito que possibilita o cruzamento de dados e a construção de mapas interativos para que se compreenda melhor as informações da pesquisa. Suporta diversos tipos de vetores, bases de dados e rasters e está disponível em Linux, Mac OSX, Unix, Windows e Android.

Resultados
Em 2012 o bairro São Francisco apresentou um número elevado com 129 casos, o que correspondeu a 10% do município. Em 2013 novamente o bairro São Francisco aparece como maior número (115 casos) e 109 bairros não registraram nenhum caso. Em 2014 nenhum bairro apresentou mais de 100 casos de dengue, o que mostrou que o ano obteve o menor índice de casos do recorte. Dois bairros apresentaram entre 51 a 100 casos, sendo São Francisco com 73 e Vila Palmeira 63 casos. O ano de 2015 teve maior incidência de casos e mais de 100 localidades afetadas. São Francisco chegou ao número de 173 casos,  o bairro Cohatrac IV 115 casos e Apeadouro 105 casos. Seis bairros apresentaram de 51 a 100 casos de dengue, 18 bairros entre 26 e 50 casos e 89 bairros entre 1 e 25 casos.
O estudo concluiu que, apesar de grande concentração em alguns bairros (majoritariamente de periferia), a dengue é uma doença que está presente em toda a cidade, independente das condições de renda, escolaridade ou fatores sociais que determinam a população por localidades. Bairros como São Francisco se destacaram por apresentar altos índices em todos os anos. A maioria dos casos registrados no período de recorte foram nos meses de abril, maio e junho, o que está relacionado ao alto volume de pluviosidade em São Luís. Também fica claro que as condições de saneamento ambiental nos bairros contribuem para que a dengue se prolifere no município e perpetue as situações de risco e vulnerabilidade da população.