Deepfake é uma técnica que cria vídeos e áudios a partir de vozes e rostos que não estavam naqueles locais ou não falaram aquelas palavras. A partir de um banco de exemplos e com o uso de inteligência artificial é possível posicionar pessoas em situações que elas não protagonizaram.
“O conceito é relativamente simples. Por exemplo, se a gente passar todos os áudios do presidente da república, que tem falas públicas e de fácil acesso, o computador aprende os padrões de áudio e você consegue fazer uma espécie de tradutor universal, mas que vai falar na voz do presidente”, explica Max Stabile, CEO do IBPAD. 
A técnica apesar de recente é bem popular e até acessível. Aplicativos como FaceApp são construídos baseados nestes modelos de machine learning. Além disso, o artigo publicado por David Guera e Edward J. Delp em 2018 relata que as primeiras tentativas de trocar um rosto de corpo podem ser encontradas em 1865 em uma litografia que troca a cabeça do ex-presidente estadunidense Abraham Lincoln no corpo do também estadunidense e político John Calhoun.
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Exemplos de deepfake

As amostras de deepfake começaram a viralizar a partir de 2017 e uma das personalidades que logo começou a ser “clonada” foi o ex-presidente Barack Obama. O caso abaixo faz parte de um projeto desenvolvido na Universidade de Washington.  O vídeo é uma combinação entre imagens de alta qualidade, áudios analisados por uma rede neural para decifrar os movimentos que a boca faria, uma aplicação de textura de boca em alta qualidade e alguns toques finais. Leia mais sobre o Sytheszins Obama: Learning Lip Sync from Audio aqui e aqui.

Em 2018, o diretor Jordan Peele (Corra! e Nós) em parceria com o BuzzFeed fez um vídeo com Obama falando atrocidades. No vídeo frases como “Simplesmente, o presidente Trump é um imbecil” e “se liguem, vadias” saem da boca do ex-presidente. O vídeo, segundo os produtores, foi uma maneira de alertar para o aumento de notícias e vídeos falsos.



No Brasil o caso mais famoso de deepfake são os vídeos produzidos por Bruno Sartori.  O jornalista costuma fazer paródias colocando o rosto de políticos (em geral o do presidente Jair Bolsonaro) em situações clássicas da televisão e cultura brasileira.


Tanto o trabalho de Peele como o de Sartori são demonstrações de como usar a técnica para o humor e de forma transparente. No entanto, nem só de entretenimento vivem as deepfakes. 
As plataformas sociais têm um importante desafio para conseguir neutralizar deepfakes com a intenção de manchar reputações. Principalmente neste período de renovação eleitoral em vários países, a população e empresas devem se preparar para lidar (identificar e denunciar) estes vídeos mal intencionados. 

Como identificar

Para o cidadão comum a dica para identificar é ficar de olho no movimento da boca, olhos e sobrancelhas durante o vídeo. Estas costumam ser áreas menos nítidas em vídeos que utilizam a técnica. O movimento da boca também pode soar artificial a depender da produção. 
No caso de identificação em massa de vídeos falsos, estudos experimentais mostram que redes neurais podem trazer resultados precisos, identificando com acurácia se o material usa ou não deepfake. 
“A gente tinha uma crença de que você precisava ver para crer, mas hoje com a deepfake tudo é possível”, ressalta o CEO do IDEIA Big Data, Maurício Moura. Portanto, permaneça vigilante.
O IBPAD promoveu na última segunda-feira (06/07) um debate sobre dados e inteligência eleitoral. Para ver mais sobre deepfake, desafios das eleições brasileiras de 2020 e como lidar com notícias falsas acesse a live completa no nosso canal do Youtube