O diretor do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD), Max Stabile, juntamente com o professor adjunto da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB), Wladimir Gramacho, publicaram nesta última terça-feira (23), no Jornal O Estado de S. Paulo, o artigo “A campanha ‘Vacina, sim’ e a responsabilidade de cada um de nós”.
O texto dos autores discute, entre outros pontos, os entraves que o país atualmente enfrenta para uma ampla campanha de vacinação da população contra a COVID-19. Com foco nos aspectos comunicacionais, explicam ao menos três motivos para que haja resistência por parte da população em relação à vacina – cujos aspectos estão ligados a ordens distintas de hesitação, contemplando questões de ordem política, social e cultural.
No primeiro ponto, em que destacam o papel de determinados atores sociais (como personalidades da mídia) e de certos coletivos nessa jornada, chamam a atenção para como a resistência em relação à vacina contra a COVID-19 é incentivada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro. A pesquisadora Nina Santos (UFBA), em artigo recente sobre as fontes de informação disseminadas pelos apoiadores do mandatário no Twitter, constatou que seus apoiadores divulgam majoritariamente notícias de mídias “alternativas”.
As outras questões que os autores levantam, em relação a percepção individual (dúvidas e descrenças) e de contexto (dificuldades de planejamento), também estão inseridas nesse cenário de desinformação o qual todos estamos expostos, sobretudo nas mídias sociais. Pesquisadores como Raquel Recuero e Felipe Bonow Soares, do grupo MIDIARS, já estudam a circulação de discursos de desinformação em diferentes plataformas (Twitter, Facebook, Instagram, Whatsapp), avaliando como aqueles direcionados a desmentir informações falsas ou incoerentes concorrem com os outros de desinformação.
Há um trabalho em conjunto que precisa ser feito por diferentes partes, desde pesquisa até comunicação estratégica. O texto de Stabile e Gramacho busca lançar pistas sobre como podemos pensar em outras formas de comunicação para enfrentar desde já a maior crise epidemiológica do século. Parafraseando os autores, é preciso encontrar as “chaves de comunicação” ideais para este desafio. Convidamos todos e todas à leitura.