O planejamento é cada vez mais influenciado pelos insights dos profissionais especializados em dados. Muitas vezes, o briefing é posto em xeque e o problema de comunicação é dimensionado e delimitado mediante oportunidades estratégicas de negócio, de mídia e de comportamento do consumidor que o próprio cliente não tinha ciência, sobretudo quando obtidos em tempo real.
Isso não significa que a criatividade deixa de ser relevante e, sim, que o planejamento ganha camadas adicionais de complexidade e oportunidades. O planejador precisa olhar para a jornada do consumidor indo além dos gatilhos emocionais tradicionais. A análise SWOT dá lugar à análise macro e microambiental. A construção de persona, antes pautada sobretudo no arquétipo que a marca julgava pertinente, hoje precisa levar em conta os valores e premissas que ecoam nas conversas dos seus consumidores (mas assumindo genuinamente essa posição, não de fachada). É menos sobre formatar narrativas perfeitas e mais sobre prestar atenção às pistas sociais deixadas nas plataformas de relacionamento e transações para tecer estratégias que atendam aos consumidores efetivamente.
A atuação de Netflix é um exemplo de estratégia pautada 100% em dados – da concepção dos roteiros à sua comunicação. No que tange o segundo ponto, o lançamento de cada série tem uma abordagem cuidadosamente desenhada se valendo das figuras de linguagem usadas nas conversas no ambiente digital, influenciadores com capital social valorizado pelos fãs das atrações e experiências/ativações que reforçam o conteúdo central do produto. Quando a estratégia é edificada a partir de dados consistentes, o revestimento criativo potencializa os resultados.
O público tem muitas formas de nos falar o que deseja/espera. O planejamento deve partir dessas pistas e, por isso, a dobradinha planejamento e diferentes instâncias de inteligência (monitoramento, media Intelligence ou business Intelligence) vem ganhando espaço em agências e empresas. Além de estratégias mais assertivas, gera otimização de mídia, inovação de formatos e, principalmente, narrativas nas quais o público é o protagonista.