geist logo sergio bragaRomper os muros da universidade e chegar aos interesses da sociedade civil é um constante desafio enfrentado pelas produções acadêmicas. Enquanto o mercado ainda permanece indisposto a usufruir da inteligência desenvolvida pela comunidade científica, alguns dos projetos desta tentam aproximar a população do conhecimento de pesquisa produzido nas Universidades. Essa é a proposta do Geist (Grupo de Pesquisa em atores, instituições, comportamento político e novas tecnologias) da pós-graduação em Ciência Política da UFPR, que, com a preocupação de tornar a narrativa interessante e compreensiva em seus relatórios, desenvolveu o projeto MEME: E-Monitor Eleitoral.
Sob o comando do professor doutor e coordenador do grupo de pesquisa, Sérgio Braga, e do cientista político e doutorando Márcio Carlomagno, a ideia é monitorar o comportamento dos candidatos durante as eleições para oferecer à sociedade análises semanais, em tempo quase real, das comunicações travadas pelos políticos com os usuários nos sites de redes sociais. Dado o contexto das eleições municipais de 2016, com a nova legislação que determina menos tempo de campanha e menor tempo de exposição em rádio e TV, além de restrições ao financiamento das campanhas, os ambientes digitais das mídias sociais tornaram-se veículos fundamentais para a construção de um diálogo entre os candidatos e a população.

Carlomagno, Márcio; Braga, Sérgio. Gráfico 2: Porcentagens do tema geral tratado por cada candidato. IN: O que os pré-candidatos à prefeitura de Curitiba fizeram no Facebook em julho? Boletim informativo. MEME: e-monitor eleitoral. GEIST/UFPR, n. 1. p. 1- 8. Agosto, 2016.
Carlomagno, Márcio; Braga, Sérgio. Gráfico 2: Porcentagens do tema geral tratado por cada candidato. IN: O que os pré-candidatos à prefeitura de Curitiba fizeram no Facebook em julho? Boletim informativo. MEME: e-monitor eleitoral. GEIST/UFPR, n. 1. p. 1- 8. Agosto, 2016.


Esse cenário favorece o trabalho das 14 pessoas, dentre professores e alunos de doutorado, mestrado e graduação, que estão envolvidas no projeto e coletam diariamente dados para a publicação dos relatórios. Os boletins, que são divulgados na própria página do projeto no Facebook, de forma gratuita, trazem diferentes análises: quais são os assuntos abordados pelos pré-candidatos à prefeitura de Curitiba em determinado período?; quais foram as abordagens que as páginas utilizaram para falar sobre os assuntos, a partir de uma perspectiva própria ou em ataque aos adversários?; os temas abordados fazem parte da competência municipal ou fazem referência a problemas de níveis nacionais/estaduais?; dentre muitos outros.
Borges, Camila; Braga, Sérgio. Gráfico 2: Evolução dos sentimentos das mídias sociais na pré-campanha de Curitiba (julho de 2016). IN: Mobilizando sentimentos nas (pré) campanhas digitais em Curitiba. Boletim informativo. MEME: e-monitor eleitoral. GEIST/UFPR, n. 3. p. 1-6. Agosto, 2016.
Borges, Camila; Braga, Sérgio. Gráfico 2: Evolução dos sentimentos das mídias sociais na pré-campanha de Curitiba (julho de 2016). IN: Mobilizando sentimentos nas (pré) campanhas digitais em Curitiba. Boletim informativo. MEME: e-monitor eleitoral. GEIST/UFPR, n. 3. p. 1-6. Agosto, 2016.

Além de traçar análises pautadas nos dados das próprias plataformas, como no , que oferece uma interpretação quanti e qualitativa das reações dos usuários do Facebook às páginas de candidatos à prefeitura de Curitiba, outras problemáticas do projeto utilizam diferentes métodos para tentar compreender, por exemplo, quais estratégias são utilizadas para atrair os usuários das mídias sociais – como no Boletim 7 – enquanto há o ocultamento de legendas referentes a candidatos com partidos controversos. Este fato também é estudado no , que analisa minuciosamente as hipóteses da imprensa de que alguns candidatos estariam “escondendo” seus partidos na campanha eleitoral deste ano, levantando dados de 221 candidatos das 26 capitais brasileiras.
Carlomagno, Márcio; Braga, Sérgio. Quão responsivos são os candidatos a prefeito de Curitiba em períodos eleitorais e não-eleitorais? Boletim informativo. MEME: e-monitor eleitoral. GEIST/UFPR, n. 8, p. 1-8, Setembro, 2016.
Carlomagno, Márcio; Braga, Sérgio. Gráfico 2: Comparativo de presença online (número de postagens). IN: Quão responsivos são os candidatos a prefeito de Curitiba em períodos eleitorais e não-eleitorais? Boletim informativo. MEME: e-monitor eleitoral. GEIST/UFPR, n. 8, p. 1-8, Setembro, 2016.

No , a equipe põe à prova o mito de que políticos só aparecem de quatro em quatro anos – seja no ambiente on ou offline. Uma coleta de 25 mil postagens em sete páginas de candidatos à prefeitura de Curitiba no período de cinco anos e oito meses (1º de janeiro de 2012 a 31 de agosto de 2016) e posterior análise identificou que todas as páginas intensificaram as atividades no período eleitoral, mas alguns candidatos mantiveram certa coesão durante todo o período – o que revela os diferentes níveis de relacionamento dos candidatos com seu eleitorado, além de responsabilidade pública para com os cidadãos.
Já o Boletim 11 tensiona a “nova esfera pública” dos sites de redes sociais através de uma análise que percebe a correlação entre usuários e eleitores de diferentes municípios. É feita uma comparativa entre os seguidores de páginas de diferentes municípios, numa proposta que tenta identificar como os blocos político-ideológicos são formados entre os próprios internautas, além do que isso representa na relação entre candidatos e eleitores. Já são 12 boletins divulgados até o momento, que podem ser baixados na página do Facebook do projeto; é possível também fazer uma assinatura gratuita para recebê-los por e-mail.