Para aprimorar as suas políticas de igualdade de gênero dentro e fora da instituição, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (Inter-American Development Bank) desenvolveu em 2015 um aprofundado estudo sobre questões de gênero na América Latina. Como resultado, dois relatórios foram publicados: “Mainstreaming Gender in Latin America and the Caribbean: Mixed-Methods Analysis of Policies, Perceptions, and Social Media” e “Insights from Social Media on Gender in Latin America”.
O documento Mainstreaming Gender in Latin America and the Caribbean: Mixed-Methods Analysis of Policies, Perceptions, and Social Media, de 2016, busca identificar oportunidades para aumentar a divulgação sobre o debate de gênero no grupo. O BID acredita que entender o papel central da igualdade de gênero na América Latina é essencial para suas ações de promoção do desenvolvimento sustentável na região.
A publicação, de 85 páginas, reúne métodos mistos realizados pelos pesquisadores e analistas da organização (a publicação é assinada por Tracy Betts, Paula Castillo Paez e Mathew C. Kearney) a partir de dados, informações e relatórios de diversos fornecedores de toda a América Latina. Foram utilizadas metodologias para gerar dados do sistema de feedback do próprio banco, surveys por IVR (Interactive Voice Response), monitoramento e análise de mídias sociais e text mining sobre os documentos operacionais e estratégicos do banco.
No sumário de recomendações, cinco focos de ações são apresentados: mobilizar lideranças e suporte a indivíduos chave; aperfeiçoar monitoramento de inclusão de recorte de gênero nas atividades do banco; aumentar esforços de comunicação; incrementar acesso a dados e informação; e continuar com o alinhamento às prioridades regionais.
O IBPAD foi parceiro da Ideia Inteligência, que realizou pesquisa com diversas metodologias como IVR (Interactive Voice Response) e análise de mídias sociais. O Instituto foi responsável por esta última, onde estudamos diversos macro-temas relacionados a gênero em cinco países: Brasil, Argentina, México, Colômbia e Guatemala.
O monitoramento foi realizado em novembro e dezembro de 2015, coincidindo com o Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher. As conversações online em cada país foram analisadas, assim como campanhas específicas e contextuais:
Além do monitoramento e análise dos dados dos cinco países com métodos quanti-qualitativos, os relatórios de cada país incluíram também análise de redes e influenciadores nas plataformas selecionadas. A imagem abaixo, por exemplo, identifica os principais clusters entre as 2,2 mil páginas descobertas no Facebook argentino:
Nas conclusões do relatório, as autoras destacam:
O estudo com as mídias sociais mostrou que a análise de mídias sociais pode ser utilizada para melhorar como o banco se comunica em relação a questões de gênero, uma vez que identifica os influenciadores-chave de comunicação, hashtags e datas importantes para aumentar o conhecimento do que o IDB está realizando em relação a questões de gênero. A análise também elucida o que está sendo conversado nas mídias sociais durante um período de monitoramento específico, e isso pode ajudar a identificar problemas que talvez não estivessem sido considerados em análises estabelecidas.
Já o Insights from Social Media on Gender in Latin America, publicado em 2017, aprofunda-se ainda mais na análise específica de mídias sociais, sem entrar nos métodos e metodologias também utilizados no estudo e destacados no primeiro relatório.
Enquanto a primeira publicação trouxe uma visão geral da questão de gênero na sociedade contemporânea – levando em consideração também a internet e as mídias sociais, esta, assinada também pelos diretores do IBPAD, Tarcízio Silva e Max Stabile, pôde destrinchar os resultados obtidos no monitoramento e análise de todos os países do projeto.
Ou seja, logo após a metodologia (sampling, data analysis, etc.), aprofunda-se nos resultados do monitoramento e análise de redes na Argentina, Brasil, Colômbia, Guatemala e México. A combinação entre técnicas de monitoramento e a metodologia de análise de redes foi essencial para alinhar as principais temáticas com influenciadores que fomentaram a discussão sobre gênero no período específico.
Primeiramente, entender comunidades online é importante porque conversações online afetam o mundo real. Conversas no Twitter e no Facebook são meios importantes de comunicação, organização, debate e advocacia para movimentos sociais contemporâneos. Monitorar como e quando essas conversações acontecem é crítico para compreender os próprios movimentos e como eles reagem a instituições como o IDB. Em segundo lugar, embora redes online não sejam representativas das populações em um senso estatístico, elas costumeiramente refletem o fluxo de ideias em outros lugares da sociedade. Estudar redes sociais é uma ferramenta importante, quando utilizada em conjunto a outras fontes de dados, para entender e monitorar a origem e o fluxo das ideias. Em terceiro lugar, a internet permite que indivíduos se expressem e se conectem como nunca antes, e essa conectividade e acesso a informação muda profundamente estruturas poderosas e, potencialmente, a própria sociedade.
Ambos os relatórios estão disponíveis no banco de publicações do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Inter-American Development Bank) e podem ser acessados clicando aqui.