O artigo “Comparative Mainstream”, de Emanuele Ferragina, professor e pesquisador da universidade SciencePo Paris, mapeia o desenvolvimento e a utilização do método comparativo no meio acadêmico de pesquisa desde os anos 70. A pesquisa é baseada em base de dados original, constituída pela revisão de 2.483 artigos extraídos das principais revistas que abrangem as disciplinas de Política Social, Ciência Política e Sociologia.
O objetivo do método comparativo é estabelecer leis e correlações entre os vários grupos e fenômenos sociais, mediante a comparação. Pode ser unido a diversos métodos, realizando comparações entre os dados do presente com os do passado.
De acordo com o autor, ao investigar os usos da metodologia nas principais revistas sobre Política Social, Sociologia e Ciência Política, parece que o método comparativo assumiu o status de “uma nova forma de pensar” para melhor compreender a mudança social e institucional. Assim, uma base de dados original foi criada; “The Comparative Journals Database”. A nova base de dados permitiu o entendimento do método comparativo nas supracitadas disciplinas.
O artigo em apreço relata as conclusões da pesquisa, na qual o autor destaca 5 métodos essenciais para fazer e entender como funciona a política comparada:
- Método histórico-comparativo: Esse método teve origem no desenvolvimento da sociologia. Durkheim e Weber foram os principais sociólogos a darem contribuições ao método comparativo na sociologia. Ele envolve a comparação de diferentes casos históricos para identificar padrões e mudanças em sistemas políticos, estruturas sociais e culturais.
- Casos nacionais: Concentra-se em um país específico, examinando as políticas, instituições e estruturas sociais dentro do contexto da história e cultura desse país. Esse método permite um melhor entendimento da política de cada país, pois é a história do mesmo que é usada como base para compreender os fenômenos atuais. Como disse Edmond Burke, político irlandês “Um povo que não conhece sua História está fadado a repeti-la.”
- Casos cruzados: Envolve a comparação de múltiplos países para entender como as políticas e instituições são moldadas por diferenças culturais, históricas e econômicas. Esse método permite um melhor entendimento da política e funcionamento de diversos outros países. A comparação de múltiplos países permite uma melhor compreensão das diferenças e semelhanças de cada um, o que faz por consequente que certos erros não se repitam. A política e história dos “outros” é de fato um fator extremamente importante para entender as falhas e conquistas de cada um.
- Análise de políticas: É baseado nas políticas públicas em si, analisando sua implementação, eficiência e impacto em diferentes contextos políticos e sociais. Comparar políticas públicas permite a observação de diferentes objetivos e métodos de implementação em contextos de debates democráticos e seus impactos para as populações atingidas. A política pública é um reflexo das culturas e diferentes tradições políticas de cada país, o que permite fazer uma comparação entre legislações, projetos e resultados alcançados.
- Análise institucional: Análise feita a partir dos dados de instituições políticas e como elas são afetadas por fatores externos, como mudanças econômicas, culturais e sociais. Cada instituição reflete as culturas políticas de cada país, e é dentro do arcabouço institucional que as políticas públicas são implementadas. Portanto, é importante compreender como elas são elaboradas e sobre quais regimes elas são eficientes.
Esses cinco métodos são ferramentas importantes para fazer política comparada, permitindo a análise e comparação de diferentes países, culturas e sistemas políticos, a fim de entender como as políticas são formuladas, implementadas e afetadas por fatores externos.
Leticia Torres Valle da Fonseca
Comparative mainstreaming? Mapping the uses of the comparative method in social policy, sociology and political science since the 1970s – Archive ouverte HAL (archives-ouvertes.fr)
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