Grupos de extrema direita e instituições midiáticas

Os pesquisadores alemães Philip Baugut e Katharina Neumann mostram no artigo “How Right-Wing Extremists Use and Perceive News Media” o que os grupos de extrema direita pensam sobre as organizações midiáticas. Bem como eles utilizam as plataformas de comunicação. O trabalho foi publicado na Revista internacional “Journalism & Mass Communication Quarterly”.

O trabalho inova ao conversar com os próprios extremistas

A maior contribuição do artigo está em apresentar características do extremismo de direita. Dessa forma, foram realizadas entrevistas com pessoas que, de fato, integraram esses movimentos. Assim sendo, essa é uma realização importante visto que a comunidade científica costuma enfrentar dificuldades de acesso a esses indivíduos. Além disso, os grupos de extrema direita têm se multiplicado em países do mundo todo.

O crescimento dos grupos de extrema direita no Brasil

No Brasil, já existem mais de 530 células de movimentos que se dividem entre neonazistas, ultranacionalistas brancos, negacionistas do Holocausto, supremacistas misóginos etc. Sendo assim, trabalhos que mostram como essas organizações atuam têm sido cada vez mais relevantes.

A importância da hierarquia e a organização interna de grupos de extrema direita

Dois achados de Baugut e Neumann (2019) se destacam: a importância da hierarquia e a organização interna dos grupos de extrema direita.

Em virtude de que uma das funções dos líderes é escolher notícias “confiáveis” e compartilha-las aos demais membros.

Através das redes sociais, eles escolhem novos participantes e os orientam sobre os códigos de conduta do movimento (que podem envolver até o tipo de roupa, por exemplo).

A relação com a imprensa é muito cautelosa e somente líderes têm permissão para conversar com jornalistas. Mas estar no centro das coberturas midiáticas é um dos objetivos. E uma das formas de chamar atenção é cometer atos de extrema violência.

Percepções dos extremistas sobre a imprensa

Os extremistas pontuam que a cobertura midiática sobre o extremismo de direita é tendenciosa e hostil. Para esses grupos, as organizações de mídia e o Estado conspiram entre si com o objetivo de combatê-los.

E ao mesmo tempo em que entendem que o jornalismo exerce forte influência sob público em geral, os extremistas se consideram imunes ao domínio da comunicação de massa.

Metodologia qualitativa

Para chegar a tais resultados, Baugut e Neumann (2019) aplicaram entrevistas semiestruturadas a sete ex-integrantes de grupos de extrema direita atuantes na Alemanha.

Os autores buscaram por pessoas que chegaram a exercer cargos de liderança em seus grupos e que já não participavam do movimento. No fim, a análise das entrevistas foi qualitativa e a identidade dos entrevistados foi preservada.

REFERÊNCIAS

BAUGUT, P., NEUMANN, K. How Right-Wing Extremists Use and Perceive News Media. Journalism & Mass Communication Quarterly, v. 96, n. 3, 2019. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1077699018803080.

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