Com a intenção de investigar as características das fakes news que circularam ao longo das eleições de 2018, a pesquisadora Tatiana Dourado examinou 346 histórias classificadas como falsas por cinco projetos de verificação de fatos: Aos Fatos, Boatos.org, Comprova, Fato ou Fake e Lupa.

          Os resultados são apresentados no trabalho “A natureza política das fake news sobre a eleição presidencial de 2018 no Brasil”, que compreende um dos capítulos do livro “Impactos político-comunicacionais nas eleições brasileiras de 2018”.

Fake News Como Estratégia Política

          A relevância do texto está em mostrar que a desinformação foi utilizada como estratégia de campanha eleitoral em 2018.

          O próprio TSE – mesmo arquivando os pedidos de cassação da chapa Bolsonaro-Mourão por falta de provas – reconheceu que as últimas eleições presidenciais foram marcadas pelo disparo de mensagens em massa que atacavam adversários do atual presidente.

          Os ministros da Corte também afirmaram que o Poder Judiciário está mais preparado para enfrentar o problema e punir possíveis infratores em 2022.

Impacto e benefício das Fake News 

          De acordo com os resultados de Dourado (2021), Jair Bolsonaro foi o candidato mais mencionado e o mais beneficiado pelas fake news examinadas. Mais de 45% das histórias apresentavam benefício direto ao candidato.

          Quando consideradas também as histórias que beneficiavam a direita e a extrema direita, esse número passa de 70%. Lula e Fernando Haddad, em contrapartida, foram beneficiados (direta e indiretamente) por cerca de 12% das narrativas estudadas.

          E Fernando Haddad foi o candidato mais prejudicado: 123 textos afetavam a sua imagem negativamente. A autora também investigou os sentimentos mobilizados nas fake news.

          O bolsonarismo foi predominante, seguido de antipetismo e antibolsonarismo. Destaca-se, ainda, que narrativas falsas sobre as urnas eletrônicas também apareceram no corpus.

Como foi feita a Análise e Pesquisa sobre Fake News

          Dourado (2021) examinou as histórias falsas através de uma Análise de Conteúdo léxica (estratégia metodológica realizada por meio de um software que considera a frequência e a proximidade das palavras) e uma Análise de Conteúdo sintática (estratégia realizada manualmente que busca compreender os sentidos do texto). A autora considerou somente os títulos das histórias selecionadas.

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