Os pesquisadores Moreno Mancosu e Federico Vegetti, ambos vinculados à Universidade de Turim (Itália), mostram no artigo “Is It the Message or the Messenger? Conspiracy Endorsement and Media Sources” o que leva as pessoas a acreditarem em teorias conspiratórias: predisposições individuais ou fontes midiáticas? Ou seja, os autores investigam se indivíduos que acreditam em outras teorias conspiracionistas tendem a confiar em uma notícia que endossa uma narrativa semelhante e, além disso, se essa crença é influenciada pelo tipo de mídia que publica a notícia.
O fenômeno das teorias conspiratórias não é recente. Histórias fantasiosas sobre judeus, maçons e templários já circulavam nas sociedades ocidentais do início da Idade Média. Contudo, a popularização da internet potencializou o compartilhamento dessas narrativas. E como elas incentivam a mudança comportamental de seus adeptos, os artigos científicos sobre o tema se multiplicaram nas últimas décadas. A própria pandemia da Covid-19 e as histórias falsas sobre tratamento precoce e vacinação, por exemplo, mostraram como as teorias da conspiração podem ser perigosas para a sociedade.
Os resultados do trabalho mostram que, em geral, os entrevistados avaliaram as notícias que contestavam teorias conspiracionistas e as notícias provenientes de empresas de comunicação mainstream como mais plausíveis. Contudo, entrevistados que possuíam uma mentalidade conspiratória (ou seja, que acreditavam em outras histórias desse tipo), consideraram as notícias favoráveis a teorias conspiracionistas tão ou mais plausíveis do que as notícias contestadoras. Em outras palavras, Mancosu e Vegetti (2021) comprovam que a mentalidade conspiratória está associada à aceitação de notícias conspiracionistas. Quando considerados também os tipos de mídia, os resultados mostram que a associação entre mentalidade conspiratória e aceitação a teorias conspiracionistas ocorre quando a fonte compreende um blog independente. E as pessoas de baixa mentalidade conspiratória não acreditaram nessas notícias, independentemente se elas vêm de empresas de comunicação mainstream ou blogs independentes.
Para chegar a tais resultados, Mancosu e Vegetti (2021) realizaram um experimento online com 2.002 residentes dos EUA. Nesse experimento, os respondentes foram expostos a uma manchete de notícia e solicitados a avaliar a sua plausibilidade. A manchete poderia ser uma notícia apoiando uma teoria conspiracionista, publicada por uma empresa de comunicação mainstream ou por uma empresa independente, ou uma notícia contestando uma teoria conspiracionista, também publicada por uma empresa de comunicação mainstream ou independente. O tópico era sempre o mesmo: a teoria da conspiração dos chemtrails (segundo a qual, alguns aviões espalham agentes químicos através de seus rastros). Além disso, os entrevistados responderam a uma lista de itens que permitiram a criação de uma escala conspiracionista.
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