A pesquisa Saúde Brasil, conduzida pelo Centro de Pesquisa em Comunicação Política e Saúde Pública da Universidade de Brasília (CPS/ UnB) junto ao IBPAD, revelou dados importantes sobre as impressões dos brasileiros em relação à pandemia de covid-19 no país. Os dados mostram, entre outros subtemas, o nível de preocupação dos cidadãos em relação à doença e as percepções sobre quem são os responsáveis pela aceleração da covid-19 no Brasil. Um dado que chama a atenção no relatório é o de que 86% das pessoas conhecem alguém que já morreu de coronavírus, o que reforça a tese de descontrole da doença no território nacional.
A pesquisa faz parte de uma série de esforços conjuntos para medir, avaliar e interpretar a partir dos dados as avaliações da população em relação à pandemia no país. Além disso, o intuito das publicações também é oferecer um quadro de análise completo sobre a realidade da saúde pública no país. O IBPAD, parceiro do Centro, participou do levantamento a partir da mobilização de suas equipes de pesquisa, oferecendo suporte na coleta de dados. Os resultados dessa mais recente iniciativa competem ao período entre 31 de março e 16 de abril, quando foram entrevistadas 1.232 pessoas de todas as regiões e unidades federativas do Brasil. O contato com as pessoas foi feito por telefone, seguindo as recomendações de distanciamento social.
Alguns números
Dividida em três frentes – Avaliação da Covid-19, Avaliação da Saúde Pública e Avaliação da Saúde Individual -, a pesquisa buscou contemplar diferentes âmbitos da percepção da população brasileira em relação à pandemia, oferecendo um panorama amplo sobre o tema da saúde no atual contexto.
Um primeiro dado que chama a atenção é o de que 86% das pessoas conhecem ao menos uma pessoa que veio a falecer por conta das complicações da covid-19. Deste percentual, 63% disseram ser uma pessoa não tão próxima; 22% um(a) amigo(a) próximo(a); 17% um(a) membro da família; e 1% uma pessoa que morava junto. O nível de preocupação também foi levado em conta e acompanha a aceleração da covid-19 no país desde o início deste ano: entre dezembro de 2020 e março de 2021, o percentual de pessoas muito preocupadas com a doença aumentou 14%.
Medicamentos não recomendados ou sem comprovação científica, como ivermectina, azitromicina e anitta, foram ingeridos por 26,9% da população, indicando grande circulação das narrativas a favor do chamado “tratamento precoce”, incentivado inclusive pela gestão do presidente Jair Bolsonaro e uma parte da classe médica.
Na frente Saúde Pública, a pesquisa reportou dados ligados à percepções em nível macro, ou seja, relacionadas às avaliações sobre o país ou das políticas públicas aplicadas no momento. Apesar do crescimento da pandemia, a corrupção ainda figura para os respondentes como um dos principais problemas do Brasil atual. Levando em conta alguns marcadores sociais (gênero e faixa etária), as mulheres apontam a saúde como principal problema, enquanto a corrupção foi mais citada por pessoas com mais de 45 anos. A política, por sua vez, é o principal problema para pessoas pertencentes aos níveis socioeconômicos D e E.
Mesmo neste momento de crise, os serviços de saúde no país são também mal avaliados pela população em geral. 45% avaliam como ruins ou péssimos, sendo que no âmbito público os serviços têm uma avaliação ainda pior, chegando a 47% de respostas negativas. Levando em conta expectativas futuras, os entrevistados foram perguntados como a situação de saúde no país estará daqui a três meses. Para 74% deles, a situação da saúde estará pior ou igual ao momento atual. No que diz respeito à avaliação sobre o Ministro da Saúde, a nota geral de desempenho foi de 3,3, sendo que 69% dos entrevistados atribuíram notas entre 0 e 4.
Quanto às responsabilidades, o Governo Federal é considerado, na perspectiva dos respondentes, como o principal responsável pela área de saúde (74%), seguido dos governadores (19%) e prefeituras (7%). No entanto, quando perguntados qual o maior responsável, o ministro da saúde é tido como o principal (41%), ao lado do presidente (39%) e seguido de governadores (15%) e prefeitos (5%).
No âmbito da Saúde Individual, as pessoas, em sua maioria (63%), avaliam a própria saúde como boa ou ótima em relação a três meses atrás. Outros 19% avaliam como melhor e 12% como pior. Os demais (2%) não souberam responder. Além disso, a covid-19 está no topo das preocupações envolvendo doenças, representando 42% dos brasileiros. Câncer, doenças cardíacas e diabetes aparecem com 26%, 15% e 11%, respectivamente.
Saiba mais sobre a Saúde Brasil
A pesquisa Saúde Brasil, lançada no mês de abril, é parte de uma série de outras investigações que serão feitas pelo CBS juntamente com o IBPAD. Para o próximo trimestre, é esperada uma nova fase da pesquisa, porém coletando dados mais atualizados sobre percepções das pessoas em relação à situação pandêmica que ainda tem rumos incertos.
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