O texto “Did brazilians vote for Jair Bolsonaro because they share his most controversial views? – escrito por Mark Setzler (pesquisador da High Point University, Carolina do Norte) e publicado pela conceituada Revista Brazilian Political Science Reviewexamina em que medida os eleitores de Jair Bolsonaro em 2018 compartilhavam de opiniões conservadoras e antidemocráticas do presidente da República.

          Mais especificamente, o objetivo do artigo é verificar se autoritarismo, militarismo, homofobia e sexismo explicam a vitória de Bolsonaro.

Semelhanças entre Trump e Bolsonaro

          Desde que o presidente brasileiro foi eleito, sua ascensão tem sido comparada à eleição de Donald Trump. Mas Setzler (2021) procura demonstrar que, apesar das semelhanças entre os dois líderes de extrema direita, a eleição de Bolsonaro não se explica da mesma maneira que a de Trump.

          Enquanto os eleitores autoritários, racistas e sexistas foram essenciais para o ex-presidente dos EUA, no Brasil, Bolsonaro chegou ao poder por questões mais contextuais.

          Isso mostra que a ascensão da direita populista em diversos países do mundo não é um movimento uniforme. Mesmo que apresentem semelhanças, o caso de cada país deve ser estudado separadamente. 

 

Sexismo e homofobia: Foram relevantes para os eleitores em 2018?

          O artigo mostra que sexismo e homofobia não foram preditores significativos para os eleitores votarem em Bolsonaro.

          Opiniões contrárias à democracia e tolerância a golpes militares, em contrapartida, direcionaram os votos dos eleitores para o atual presidente. Entretanto, a influência dessas duas variáveis foi muito pequena.

          O que, de fato, pesou na escolha do eleitor foi o antipetismo – o posicionamento mais à direita e a adesão a religiões evangélicas também se mostraram variáveis relevantes.

          Enquanto o militarismo e o apoio condicional à democracia causaram uma variação de 3 pontos percentuais para o voto em Bolsonaro, a variação causada pelo antipetismo foi de 21 pontos percentuais.

Métodos e Testes realizados para chegar no Resultado

          Para chegar a tais resultados, Setzler (2021) fez uma análise de regressão multivariada com perguntas coletadas pelo Barômetro das Américas, uma pesquisa aplicada, periodicamente, a amostras significativas das populações de países da América Latina.

          Esse tipo de teste estatístico verifica se há associação entre uma variável dependente (que, nesse caso, é os eleitores voltaram em Bolsonaro no primeiro turno de 2018) e múltiplas variáveis independentes.

          As questões coletadas do questionário foram:
1) o  grau de concordância com a frase “a democracia pode ter problemas, mas é melhor do que qualquer outra forma de governo”;
2) nível de tolerância a golpes militares em períodos de crise;
3) o grau de concordância com a frase “os homens, em geral, são melhores líderes políticos do que as mulheres”;
4) aprovação (ou reprovação) da liberdade de homossexuais concorrerem a cargos públicos;
5) avaliação da economia;
6) autocolocação na escala ideológica; e
7) posicionamento em relação ao PT.

 

O autor também considerou variáveis como sexo, idade, raça, escolaridade e renda.

 

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