A pesquisa eleitoral serve para várias coisas, a depender de quem as contrata. Empresas de comunicação as utilizam para gerar notícias.
Grupos de investimento utilizam para prospectar os efeitos das mudanças do humor dos eleitores sobre o mercado e, com isso, maximizarem ganhos e diminuírem os riscos.
Governos as utilizam para coletar dados sobre a avaliação que os cidadãos fazem das políticas públicas.
Já os partidos e candidatos as utilizam para levantar informações sobre as preferências dos eleitores e, assim, poderem tomar as melhores decisões possíveis em relação às suas estratégias de campanha.
Pesquisa Eleitoral: Entendendo a fundo
Pesquisa eleitoral na tomada de decisões
Ou seja, na maior parte das vezes, pesquisa eleitoral e de opinião servem para a tomada de decisões.
Sem elas, tais escolhas seriam essencialmente feitas com base em:
- Achismos;
- Pensamentos ilusórios ou;
- Simplesmente, em considerações equivocadas sobre a realidade e os contextos sociais, políticos e econômicos que nos cercam.
Na prática, seja para o mercado, seja para governos, decisões equivocadas têm custos, principalmente financeiros.
Em campanhas, podem levar a estratégias fracassadas e a derrotas eleitorais. Daí elas serem tão importantes.
Prospecção do voto
A pesquisa eleitoral quer prospectar, da maneira mais próxima possível, os resultados das eleições.
E ela o faz de diversas formas. A mais simples e objetiva é perguntando ao eleitor em quem ele quer votar, de maneira espontânea ou estimulada.
Mas essas perguntas apenas respondem uma parte daquilo que se deseja saber.
Afinal, analistas, campanhas e candidatos querem entender quais os motivos levam o eleitor a preferir, por exemplo, o candidato A ao B, e B ao C, e como seria possível mudar essa ordem de preferências.
Para isso é importante não apenas fazer um diagnóstico social, político e econômico do contexto da eleição, como também conhecer as ferramentas técnicas e teóricas sobre como fazer e interpretar corretamente as pesquisas eleitorais.
Análise do contexto
Em um ano eleitoral, é fundamental para os partidos e candidatos conhecerem as percepções dos eleitores sobre as situações sociais, políticas e econômicas de uma dada localidade, seja um país, um estado ou uma cidade.
Os eleitores estão satisfeitos com a vida que vêm levando? Eles avaliam bem a gestão que está terminando? Eles estão mais dispostos a votarem pela continuidade, ou estão querendo mudanças? Como eles avaliam as políticas públicas que foram implementadas nos últimos quatro anos? Quais são os principais problemas que enfrentam atualmente?
O contexto pode ser analisado com base na polarização politíca no brasil e se você quer saber como a polarização afeta uma cenário como todo, veja esse artigo que preparamos para você.
O contexto e o voto
Essas são apenas algumas das perguntas que podem ser respondidas em uma pesquisa eleitoral.
Elas são importantes porque não basta saber em quem as pessoas desejam votar.
É preciso, principalmente, conectar as intenções de voto com características sociais e fatores contextuais que explicam por que os eleitores estão tomando certas decisões e preferindo determinados candidatos.
Um exemplo simples e comumente comentado é a avaliação da economia.
Independente dos números oficiais, é a percepção da opinião público sobre eles que importa.
Se a economia vai mal, e as pessoas têm essa percepção, será bem mais difícil para um presidente se reeleger ou fazer o seu sucessor, como mostram inúmeros estudos e eleições.
Identificação dos problemas
A identificação dos problemas que mais afligem os eleitores pode ser feita de diversas formas numa pesquisa eleitoral.
A mais simples e direta delas é a pergunta sobre o principal problema do país, do estado ou da cidade num determinado momento, que consegue captar justamente as maiores preocupações das pessoas.
Estas podem ser a economia, a saúde, a segurança, o transporte público, etc.
A partir desse diagnóstico, partidos e candidatos podem trabalhar suas estratégias de campanha, especialmente para oferecer soluções para os principais problemas identificados.
Diagnóstico
As pesquisas também podem investigar mais a fundo as opiniões dos eleitores em relação a esses problemas.
Por exemplo, pode-se apurar se os atuais gestores estão sendo responsabilizados pela situação da economia do país, discriminar os problemas econômicos em diferentes setores (inflação, crescimento, desemprego, etc.) ou avaliar a qualidade dos serviços públicos (saúde, educação, segurança, etc.) numa escala de valores zero a dez.
Perguntas espontâneas de intenção de voto
Praticamente toda pesquisa eleitoral mede a intenção de voto de duas maneiras: de forma espontânea e estimulada.
Como o próprio nome diz, a pergunta espontânea busca captar, de forma natural e sem nenhum estímulo, em que o entrevistado pretende votar.
Ou seja, ela busca captar qual o nome está mais saliente, no “topo”, na cabeça do eleitor.
Tal saliência também pode indicar outras coisas:
- Um voto certo;
- Uma exposição recente ao candidato na mídia;
- Um nível de interesse político mais alto;
- O nível de conhecimento dos candidatos que irão disputar a eleição, etc.
É por esses motivos que, quanto mais distantes do início das campanhas e do dia da eleição, mais as perguntas espontâneas tendem a apresentar níveis altos de não resposta (não sabem, não respondeu) e valores inferiores aos obtidos nas perguntas estimuladas.
Você sabe como elaborar um questionário de uma pesquisa quantitativa? Se a sua resposta for não, preparamos um artigo com todas as informações para você aprender como fazer um.
Perguntas estimuladas de intenção de voto
As perguntas estimuladas têm esse nome porque oferecem aos entrevistados os nomes de candidatos que irão concorrer a um determinado cargo.
Esse estímulo deve ser feito em um disco, e não em uma lista, para evitar que os primeiros nomes sejam os mais mencionados.
Neste tipo de pergunta, o objetivo é oferecer aos entrevistados informações que eles provavelmente teriam se estivessem em frente à urna de votação.
Assim, ao contrário das perguntas espontâneas, aqui a tendência é que taxas de não-respostas tendem a ser menores.
Como analisar a pesquisa eleitoral em 2022
Previsão do futuro
A pesquisa eleitoral consegue prever o futuro, ou prever o resultado da eleição?
Não, pois grande parte delas é feita bem antes do dia da votação. Por isso, o seu objetivo é fazer o que os pesquisadores chamam de um “retrato” ou “recorte” do momento.
Mas as pesquisas que são feitas muito próximas do dia da votação, se bem elaboradas, tendem a sugerir o provável resultado das urnas.
E, como mostram os diversos resultados de pesquisas feitas às vésperas das eleições, elas acertam muito mais do que erram.
Se você quiser saber como acompanhar as pesquisar eleitorais em 2022, compilamos tudo o que voce precisa saber.
Interpretando pesquisa eleitoral
Muitas leituras sobre o resultado de uma pesquisa eleitoral é feita a esmo, o que faz com tais interpretações sejam erradas.
Mas, como em qualquer área do conhecimento, existe um campo de pesquisa, científico e bastante profícuo, voltado justamente para estudar os motivos pelos quais as pessoas votam da maneira como votam.
Há mais de 80 anos – sim, isso mesmo – os estudos sobre comportamento eleitoral vêm mostrando a importância de diversos fatores para explicar o processo de decisão do voto: o papel da ideologia, a racionalidade do eleitor, a avaliação dos governos e da economia, a influência da mídia e das emoções, etc.
Pesquisa eleitoral não é achismo
Ao se ler uma pesquisa eleitoral, o ideal, mesmo, é que haja ao menos algum conhecimento dos ensinamentos das principais correntes teóricas – o modelo sociológico, o modelo psicológico, o modelo economicista, a escolha racional e a inteligência afetiva – para que as interpretações dos resultados tenham fundamento e não sejam, como muito acontece, baseadas em achismos e em suposições sem nenhum tipo de lastro científico.
De outro modo, a discussão sobre pesquisa eleitoral não seria muito diferente de uma conversa entre amigos sobre futebol, numa mesa de bar, repleta de garrafas de cerveja vazias.
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