Pesquisa eleitoral é essencialmente pesquisa de opinião pública, que é levantamento sistemático de informações realizado através de perguntas de um questionário que busca coletar a opinião, o comportamento, os valores, as atitudes e os hábitos das pessoas a partir de uma amostra de uma “população”.
Esta pode ser composta tanto por pessoas de um determinado lugar – um país, um estado ou uma cidade –, quanto de um grupo específico – empresários, políticos ou consumidores de um produto.
- Pesquisa Eleitoral
- Pesquisas eleitorais e o registro no TSE
- Pesquisa eleitoral: história e origem
- A qualidade de uma pesquisa eleitoral
- Pesquisa Eleitoral em 2022 e para que servem
- Como analisar a pesquisa eleitoral em 2022
- Como é feita uma pesquisa eleitoral
- Diferença nos resultados?
- As 5 publicações para se aprofundar em Pesquisa Eleitoral
Pesquisa Eleitoral
Como o próprio nome diz, pesquisa eleitoral tem um foco específico, que são as eleições, ou melhor, as opiniões e preferências dos eleitores sobre tudo o que envolve a disputa:
- A percepção dos problemas que as pessoas enfrentam;
- A avaliação das políticas públicas;
- A imagem dos candidatos;
- Os valores, a ideologia e a afinidade com os partidos político;
- E, claro, acima de tudo, as intenções de voto para os cargos em disputa.
Pesquisa eleitoral é científica?
Essa pergunta pode estar passando pela sua cabeça agora, mas sim, a pesquisa eleitoral é científica, e por um motivo muito simples.
Ao contrário de enquetes que encontramos em redes sociais ou portais de notícia, pesquisas de opinião, feitas da maneira correta, seguem uma série de pressupostos científicos desenvolvidos em áreas do conhecimento tanto de Exatas, como a matemática e a estatística, quanto de Humanas, como a psicologia e as Ciências Sociais.
No primeiro caso, encontram-se os conhecimentos produzidos sobre as técnicas de amostragem.
Estas basicamente indicam a forma correta de selecionar amostras de uma população, de modo cientificamente válido e consistente, que permitirão aos pesquisadores fazerem as chamadas inferências populacionais: tirar conclusões robustas sobre, por exemplo, a opinião dos eleitores com base em apenas uma pequena parcela.
No segundo caso, encontram-se os conhecimentos produzidos sobre técnicas de elaboração de questionários e de perguntas de um questionário.
Pode não parecer, mas existe, sim, uma ciência por trás disso, sendo ela bastante antiga e muito produtiva.
Afinal, não basta apenas querer perguntar algo. É fundamental saber a forma correta de perguntar.
Caso isso não ocorra, o pesquisador simplesmente estará criando um dado ou informação que não terá nenhum uso prático e levará a decisões completamente equivocadas, algo que ninguém quer.
Pesquisa Eleitoral ou Surveys?
No meio acadêmico, as pesquisas de opinião são conhecidas como surveys.
Embora a tradução de survey para o português seja “pesquisa”, a palavra sugere algo mais profundo e minucioso como veremos a seguir.
Pesquisas Quantitativas ou Qualitativas
A pesquisa eleitoral que conhecemos é chamada de pesquisa quantitativa que, como já dito, obtém dados sobre os eleitores a partir da aplicação de questionários estruturados.
Essas pesquisas geralmente ganham bastante destaque na imprensa, principalmente em anos eleitorais, pois elas geram notícias sobre quem está na frente das disputas e sobre a evolução das intenções de voto dos candidatos – o que a literatura especializada em cobertura eleitoral chama de “corrida de cavalos”.
Mas também existe pesquisa eleitoral qualitativa, principalmente os chamados grupos focais.
Embora não ganhem muito destaque na imprensa, as pesquisas qualitativas são muito utilizadas em anos eleitorais, pois oferecem informações importantes para as campanhas e ajudam no entendimento e na interpretação dos dados obtidos nos levantamentos quantitativos.
Ou seja, campanhas bem estruturadas trabalham com ambos os tipos de pesquisas eleitorais: quantitativas e qualitativas.
Quem faz a pesquisa eleitoral?
Na grande maioria das vezes, a pesquisa eleitoral é realizada por empresas do mercado, conhecidas como institutos de pesquisa.
Geralmente, tais empresas são especializadas em pesquisas de opinião no sentido amplo e atuam não apenas em períodos eleitorais, pois sua expertise na elaboração, aplicação e análise de dados coletados a partir de questionários estruturados permite a coleta de informações sobre produtos do mercado, hábitos dos consumidores em diversos segmentos, governos ou temas de interesse público.
Mas existem, também, pesquisadores ligados a universidades ou organizações que realizam, com alguma frequência a pesquisa eleitoral.
Pesquisas eleitorais e o registro no TSE
Em anos eleitorais, uma ferramenta fundamental encontra-se disponível na página do Tribunal Superior Eleitoral.
A Lei nº 9.504/1997 determina que a pesquisa eleitoral deve ser registrada, sendo obrigatório a inclusão das seguintes informações:
- O contratante (quem paga);
- A Empresa responsável pela pesquisa;
- O valor pago pelo trabalho;
- A abrangência da pesquisa (nacional, estadual, local, etc.);
- A metodologia;
- O plano amostral e;
- O questionário a ser aplicado.
Tais informações são extremamente importantes para se avaliar, entre outras coisas, a qualidade da pesquisa eleitoral que está sendo executada.
Pesquisa eleitoral: história e origem
Pesquisa eleitoral existe há mais de 100 anos
Livros que traçam a história das pesquisas de opinião – que posteriormente deram início às pesquisas eleitorais – como Survey Research in the United States (1987), de Jean Converse, mostram que suas origens se encontram no final do século XIX, na Inglaterra, em levantamentos que buscaram mapear as condições sociais e de vida dos britânicos.
Mas, no início do século XX, elas já estavam sendo utilizadas em outros países, como os Estados Unidos, tendo em vista diferentes propósitos, como estudos acadêmicos sobre comportamento na área de psicologia.
A Segunda Guerra mundial e a opinião dos eleitores sobre o conflito
As pesquisas de opinião tornaram-se bastante populares no século XX.
Além do seu uso acadêmico, na primeira metade do século elas foram utilizadas para coletar informações sobre os problemas nacionais durante os anos 1930 e o ânimo dos cidadãos durante a II Guerra.
Mas foi a partir dos anos 1960, principalmente, que as pesquisas de opinião passaram a ser cada vez mais utilizadas, seja para pesquisas acadêmicas, de mercado, na política, em campanhas eleitorais e até mesmo por presidentes da República.
O legado de Lazarsfeld e Gallup
Os expoentes das modernas pesquisas de opinião podem ser encontrados tanto nos ambientes acadêmicos, quanto no mercado.
Dois nomes que valem a pena mencionar são Paul F. Lazarsfeld e George Gallup.
Mas é importante frisar que vários dos expoentes do mercado tiveram uma formação acadêmica robusta em técnicas de pesquisa de survey.
Hoje existem centros de excelência vinculados a universidades, centros independentes de pesquisas sociais, organizações dedicadas a realizar pesquisas de opinião em países dos cinco continentes e escolas de formação em técnicas de elaboração e análises de dados de surveys.
A qualidade de uma pesquisa eleitoral
Existem muitas críticas sobre pesquisa eleitoral. Em sua maioria, elas se baseiam em simples achismos, percepções equivocadas e falta de conhecimento sobre o que é uma pesquisa de opinião pública.
E, claro, a motivação dessas críticas é pouquíssima técnica e, muitas vezes, visceral, já que as pessoas podem não gostar dos resultados dos dados coletados.
É importante frisar que os profissionais que trabalham com pesquisas eleitorais conhecem os limites desse instrumento.
Você pode ver de forma mais completa se as pesquisas eleitorais erram tanto assim mesmo >aqui<
Inferências populacionais
Toda pesquisa eleitoral busca obter informações sobre uma determinada população. Sim, existem surveys que coletam dados de toda uma população, como os censos.
Na maioria das vezes, contudo, o que se faz é obter dados de apenas uma pequena parcela desta população, a que os estatísticos chamam de amostra.
Se coletadas da maneira correta, seguindo os parâmetros estatísticos adequados, à pesquisa eleitoral será capaz de permitir as chamadas inferências – ou seja, concluir algo a partir dos dados coletados – populacionais a partir da amostra.
Por exemplo, pode-se deduzir corretamente o percentual de votos de diferentes candidatos numa eleição utilizando-se, apenas, de um número reduzido de eleitores.
Só 2000 entrevistas?
Segundo dados do TSE, o Brasil tem hoje cerca de 152 milhões de eleitores.
Com o uso de métodos amostrais adequados, uma pesquisa eleitoral pode ouvir apenas cerca de 2000 eleitores em todo país e, ainda assim, conseguir estimar corretamente o percentual de votos dos candidatos em disputa.
Margem de erro e nível de confiança
O importante é frisar que, por ser uma amostra populacional, os dados possuem algum nível de incerteza.
É por isso que toda amostra possui o que os estatísticos chamam de margem de erro e nível de confiança.
Embora os nomes pareçam complicados para os não-especialistas, o entendimento é simples.
Ao calcular o tamanho de uma amostra, como 2000 eleitores brasileiros, eu assumo, estatisticamente, que a cada 100 pesquisas que eu realizar com o mesmo questionário, no mesmo período de tempo, junto a diferentes amostras da mesma população, 95 delas estarão dentro de uma margem de erro especificada, digamos ± 2%.
Ou seja, a pesquisa trabalha com uma margem de erro ± 2%, para um nível de confiança de 95%.
Preparamos um artigo que pode ajudar você a entender o porque algumas pesquisas erram tanto.
Poder estatístico e incerteza
A margem de erro e o nível de confiança de uma pesquisa são importantes para se avaliar, entre outras coisas, a precisão dos dados.
Quanto maior a margem de erro e o nível de confiança, como, por exemplo, ±3% e 90%, menor o tamanho da amostra.
Isso, claro, implica em menores custos para a pesquisa porque serão menos questionários aplicados.
Por outro lado, percebe-se que aumenta a incerteza em torno do dado coletado.
De 38% a 42% versus de 37% a 43%
Se, numa pesquisa hipotética, um candidato tem 40% das intenções de voto, esta pode estar entre 42% e 38% em 95 de 100 pesquisas realizadas, desde que a margem de erro seja de ±2% e o nível de confiança de 95%.
Mas, se alargamos um pouco esses valores para ±3% e 90%, por exemplo, as intenções de voto, na verdade, estarão entre 43% e 37% em 90 de 100 pesquisas realizadas.
No primeiro caso, há 5% de chances de a pesquisa não captar o dado real junto à população; no segundo, há 10% de chance.
Além disso, o dado é menos preciso, pois a amplitude – a distância entre os valores inferiores e superiores das margens de erro – das estimativas é maior: na primeira, de 4%; e, na segunda, de 6%.
Erros nas pesquisa Eleitoral
Pesquisa eleitoral pode errar? Sim, claro, mas esse erro é na maioria das vezes, controlado.
Dito de outro modo, ao se calcular a amostra a partir de determinados parâmetros, tem-se a exata noção do nível de incerteza, ou de imprecisão, do dado coletado.
Contudo, por ser controlado a partir de técnicas estatísticas poderosas, sabe-se que esse tipo de informação é extremamente mais confiável do que, por exemplo, enquetes em redes sociais, que possuem não apenas um nível de incerteza impossível de se mensurar, mas também um viés amostral substantivo, já que tendem a ser respondidas apenas por um grupo específico.
As pesquisas são enviesadas mesmo? Fizemos um artigo falando exatamente sobre isso.
Nem tudo é questão de estatística
A qualidade de uma pesquisa eleitoral não se mede apenas pelo tamanho da amostra, a margem de erro e o nível de confiança.
Outros aspectos importantes a se observar são:
- O enunciado das perguntas, pois não basta apenas saber o que se quer perguntar, mas como perguntar;
- As opções de resposta, pois qualquer inadequação neste quesito limita as informações que serão coletadas;
- O fluxo do questionário, pois a depender de como as perguntas estão organizadas, podem enviesar as respostas dos entrevistados;
- As entrevistas, pois conduzi-las de forma adequada é fundamental para que os entrevistados realmente respondam, de maneira sincera e atenciosa, as perguntas que lhes foram feitas.
A ordem das perguntas importam
Vamos considerar dois exemplos práticos.
1) Em pesquisa eleitoral, é comum se perguntar, logo no início, a intenção de voto dos entrevistados, e só depois questionar outras dimensões de avaliação.
Naturalmente, se estas fossem feitas antes, podem enviesar as respostas posteriores.
2) Uma entrevista de survey é, simplesmente, uma conversa que se estabelece entre um entrevistador e um entrevistado.
Mas entrevistadores mal treinados tendem a obter pouca reciprocidade dos entrevistados – afinal, ninguém gosta de uma conversa arrastada –, o que abre margem para que respondam à pesquisa de maneira desatenta, sem pensar minimamente nas respostas ou, até mesmo, recusando-se a respondê-las.
Uma parte importante de uma pesquisa eleitoral são os questionários, por esse motivo pode ser que esse artigo vá ao econtro perfeito para quem quer se aprofundar ainda mais em pesquisa eleitoral.
Pesquisa Eleitoral em 2022 e para que servem
A pesquisa eleitoral serve para várias coisas, a depender de quem as contrata. Empresas de comunicação as utilizam para gerar notícias.
Grupos de investimento utilizam para prospectar os efeitos das mudanças do humor dos eleitores sobre o mercado e, com isso, maximizarem ganhos e diminuírem os riscos.
Governos as utilizam para coletar dados sobre a avaliação que os cidadãos fazem das políticas públicas.
Já os partidos e candidatos as utilizam para levantar informações sobre as preferências dos eleitores e, assim, poderem tomar as melhores decisões possíveis em relação às suas estratégias de campanha.
Ou seja, na maior parte das vezes, pesquisa eleitoral e de opinião servem para a tomada de decisões.
Sem elas, tais escolhas seriam essencialmente feitas com base em:
- Achismos;
- Pensamentos ilusórios ou;
- Simplesmente, em considerações equivocadas sobre a realidade e os contextos sociais, políticos e econômicos que nos cercam.
Na prática, seja para o mercado, seja para governos, decisões equivocadas têm custos, principalmente financeiros.
Em campanhas, podem levar a estratégias fracassadas e a derrotas eleitorais. Daí elas serem tão importantes.
Prospecção do voto
A pesquisa eleitoral quer prospectar, da maneira mais próxima possível, os resultados das eleições.
E ela o faz de diversas formas. A mais simples e objetiva é perguntando ao eleitor em quem ele quer votar, de maneira espontânea ou estimulada.
Mas essas perguntas apenas respondem uma parte daquilo que se deseja saber.
Afinal, analistas, campanhas e candidatos querem entender quais os motivos levam o eleitor a preferir, por exemplo, o candidato A ao B, e B ao C, e como seria possível mudar essa ordem de preferências.
Para isso é importante não apenas fazer um diagnóstico social, político e econômico do contexto da eleição, como também conhecer as ferramentas técnicas e teóricas sobre como fazer e interpretar corretamente as pesquisas eleitorais.
Análise do contexto
Em um ano eleitoral, é fundamental para os partidos e candidatos conhecerem as percepções dos eleitores sobre as situações sociais, políticas e econômicas de uma dada localidade, seja um país, um estado ou uma cidade.
Os eleitores estão satisfeitos com a vida que vêm levando? Eles avaliam bem a gestão que está terminando? Eles estão mais dispostos a votarem pela continuidade, ou estão querendo mudanças? Como eles avaliam as políticas públicas que foram implementadas nos últimos quatro anos? Quais são os principais problemas que enfrentam atualmente?
O contexto pode ser analisado com base na polarização política no brasil e se você quer saber como a polarização afeta uma cenário como todo, veja esse artigo que preparamos para você.
O contexto e o voto
Essas são apenas algumas das perguntas que podem ser respondidas em uma pesquisa eleitoral.
Elas são importantes porque não basta saber em quem as pessoas desejam votar.
É preciso, principalmente, conectar as intenções de voto com características sociais e fatores contextuais que explicam por que os eleitores estão tomando certas decisões e preferindo determinados candidatos.
Um exemplo simples e comumente comentado é a avaliação da economia.
Independente dos números oficiais, é a percepção da opinião público sobre eles que importa.
Se a economia vai mal, e as pessoas têm essa percepção, será bem mais difícil para um presidente se reeleger ou fazer o seu sucessor, como mostram inúmeros estudos e eleições.
Identificação dos problemas
A identificação dos problemas que mais afligem os eleitores pode ser feita de diversas formas numa pesquisa eleitoral.
A mais simples e direta delas é a pergunta sobre o principal problema do país, do estado ou da cidade num determinado momento, que consegue captar justamente as maiores preocupações das pessoas.
Estas podem ser a economia, a saúde, a segurança, o transporte público, etc.
A partir desse diagnóstico, partidos e candidatos podem trabalhar suas estratégias de campanha, especialmente para oferecer soluções para os principais problemas identificados.
Diagnóstico
As pesquisas também podem investigar mais a fundo as opiniões dos eleitores em relação a esses problemas.
Por exemplo, pode-se apurar se os atuais gestores estão sendo responsabilizados pela situação da economia do país, discriminar os problemas econômicos em diferentes setores (inflação, crescimento, desemprego, etc.) ou avaliar a qualidade dos serviços públicos (saúde, educação, segurança, etc.) numa escala de valores zero a dez.
Perguntas espontâneas de intenção de voto
Praticamente toda pesquisa eleitoral mede a intenção de voto de duas maneiras: de forma espontânea e estimulada.
Como o próprio nome diz, a pergunta espontânea busca captar, de forma natural e sem nenhum estímulo, em que o entrevistado pretende votar.
Ou seja, ela busca captar qual o nome está mais saliente, no “topo”, na cabeça do eleitor.
Tal saliência também pode indicar outras coisas:
- Um voto certo;
- Uma exposição recente ao candidato na mídia;
- Um nível de interesse político mais alto;
- O nível de conhecimento dos candidatos que irão disputar a eleição, etc.
É por esses motivos que, quanto mais distantes do início das campanhas e do dia da eleição, mais as perguntas espontâneas tendem a apresentar níveis altos de não resposta (não sabem, não respondeu) e valores inferiores aos obtidos nas perguntas estimuladas.
Você sabe como elaborar um questionário de uma pesquisa quantitativa? Se a sua resposta for não, preparamos um artigo com todas as informações para você aprender como fazer um.
Perguntas estimuladas de intenção de voto
As perguntas estimuladas têm esse nome porque oferecem aos entrevistados os nomes de candidatos que irão concorrer a um determinado cargo.
Esse estímulo deve ser feito em um disco, e não em uma lista, para evitar que os primeiros nomes sejam os mais mencionados.
Neste tipo de pergunta, o objetivo é oferecer aos entrevistados informações que eles provavelmente teriam se estivessem em frente à urna de votação.
Assim, ao contrário das perguntas espontâneas, aqui a tendência é que taxas de não-respostas tendem a ser menores.
Como analisar a pesquisa eleitoral em 2022
Previsão do futuro
A pesquisa eleitoral consegue prever o futuro, ou prever o resultado da eleição?
Não, pois grande parte delas é feita bem antes do dia da votação. Por isso, o seu objetivo é fazer o que os pesquisadores chamam de um “retrato” ou “recorte” do momento.
Mas as pesquisas que são feitas muito próximas do dia da votação, se bem elaboradas, tendem a sugerir o provável resultado das urnas.
E, como mostram os diversos resultados de pesquisas feitas às vésperas das eleições, elas acertam muito mais do que erram.
Interpretando pesquisa eleitoral
Muitas leituras sobre o resultado de uma pesquisa eleitoral é feita a esmo, o que faz com tais interpretações sejam erradas.
Mas, como em qualquer área do conhecimento, existe um campo de pesquisa, científico e bastante profícuo, voltado justamente para estudar os motivos pelos quais as pessoas votam da maneira como votam.
Há mais de 80 anos – sim, isso mesmo – os estudos sobre comportamento eleitoral vêm mostrando a importância de diversos fatores para explicar o processo de decisão do voto: o papel da ideologia, a racionalidade do eleitor, a avaliação dos governos e da economia, a influência da mídia e das emoções, etc.
Pesquisa eleitoral não é achismo
Ao se ler uma pesquisa eleitoral, o ideal, mesmo, é que haja ao menos algum conhecimento dos ensinamentos das principais correntes teóricas – o modelo sociológico, o modelo psicológico, o modelo economicista, a escolha racional e a inteligência afetiva – para que as interpretações dos resultados tenham fundamento e não sejam, como muito acontece, baseadas em achismos e em suposições sem nenhum tipo de lastro científico.
De outro modo, a discussão sobre pesquisa eleitoral não seria muito diferente de uma conversa entre amigos sobre futebol, numa mesa de bar, repleta de garrafas de cerveja vazias.
Como é feita uma pesquisa eleitoral
Tipos de coleta de dados
Hoje em dia, existem diversas formas para se coletar dados de uma pesquisa eleitoral. A mais tradicional delas, por assim dizer, é a presencial.
Nela, entrevistador e entrevistado encontram-se cara a cara e estabelecem uma espécie de conversa estruturada, em função do fluxo construído no questionário.
As pesquisas presenciais podem ser realizadas tanto nas residências – que são sorteadas segundo técnicas amostrais – dos entrevistados, quanto na rua, nos chamados pontos de fluxo, como por exemplo parques, praças, terminais de ônibus, etc.
Nesses locais, as pessoas são selecionadas tendo por base, também, um critério técnico para a construção da amostra.
Aprenda como são feitos os questionários eleitorais cliclando aqui.
Vantagens atuais
Antigamente, os entrevistadores usavam apenas folhas de papel com o questionário, e as respostas eram posteriormente transferidas para a planilha de um programa estatístico, a partir da qual se faziam as análises.
Com a evolução das tecnologias de comunicação, muitas pesquisas passaram a ser feitas por telefone, com o auxílio de um computador – as chamadas CATI, ou Computer Assisted Telephone Interviewing.
A partir dos anos 2000, com a ampliação da internet e dos seus suportes, vem crescendo muito a quantidade de pesquisas que são feitas on-line, sendo respondidas diretamente pelos entrevistados em seus computadores, tablets ou smartphones.
Diferenças nos resultados?
Naturalmente, os diferentes tipos de pesquisa têm efeitos práticos sobre as amostras coletadas.
Em países como o Brasil, em que a internet e seus suportes não estão homogêneamente distribuídos em todas as classes sociais, as pesquisas on-line tendem a captar um pouco mais a opinião das pessoas com um nível de renda mais alto.
Algo semelhante acontece com as pesquisas telefônicas. Felizmente, esse viés é pequeno e, no decorrer de um ano eleitoral, tende a desaparecer à medida em que o dia da eleição se aproxima.
Além disso, é importante frisar que as pesquisas on-line e por telefone não deixam de apontar a tendência correta da opinião pública.
As 5 publicações para se aprofundar em Pesquisa Eleitoral
A cabeça do eleitor
Livro importante e bastante didático que aborda diversos aspectos fundamentais da elaboração de pesquisas eleitorais, como por exemplo: a amostra, o questionário, o trabalho de campo e a análise dos resultados. Também traz exemplos de perguntas e de questionários eleitorais.
Almeida, A. (2008). A cabeça do eleitor. Editora Record.
Métodos de Pesquisa de Survey
Um dos principais livros traduzidos para o português sobre a elaboração de perguntas e a construção de questionários. Consegue explicar, de uma forma simples e didática, as principais tecnicalidades que envolvem tanto a produção de um bom enunciado e das opções de resposta, quanto formas adequadas de analisar cientificamente os dados coletados.
Babbie, E. (2003). Métodos de Pesquisa de Survey. UFMG.
Como o Eleitor Escolhe o Seu Prefeito: Campanha e Voto nas Eleições Municipais
Embora não trate especificamente da a elaboração de perguntas ou da construção de questionários, esse livro é uma referência para o entendimento de como se usam as pesquisas eleitorais de modo técnico e prático, principalmente para se pensar estratégias de campanha e compreender os resultados das eleições.
Lavareda, A., & Telles, H. de S. (Orgs.). (2011). Como o Eleitor Escolhe o Seu Prefeito: Campanha e Voto nas Eleições Municipais. Editora FGV.
Survey Research in the United States
Principal livro já escrito sobre a história e a evolução das pesquisas de survey nos Estados Unidos. Uma leitura obrigatória para os interessados no tema.
Converse, J. M. (1987). Survey Research in the United States. Roots and Emergence, 1890-1960. University of California Press.
Survey Methodology
É um livro mais técnico, o que pode exigir um pouco mais na leitura e na compreensão das discussões. Ainda assim, é uma obra de referência para diversos pesquisadores que trabalham com metodologia de survey. Cobre tanto questões sobre contrução e avaliação de perguntas, condução de entrevista e análise de dados, quanto de técnicas de amostram.
Groves, R. M., Fowler, F. J. J., Couper, M., Lepkowski, J. M., Singer, E., & Tourangea, R. (2004). Survey Methodology. John Wiley & Sons.
The Oxford Handbooks of American Elections and Political Behavior. Oxford University Press.
Embora tenha os Estados Unidos como foco, essa coletânea traz artigos de uma série de pesquisadores renomados sobre diversos temas relacionados à elaboração e análise de pesquisas eleitorais, seja do ponto de vista de técnicas estatísticas, seja em relação às teorias de decisão do voto.
Leighley, J. E. (Org.). (2010)
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Dados & Mapas – Identifique regiões de eleitores leais utilizando bases geolocalizadas
Pesquisas Eleitorais – Para tomar decisões corretas utilizando pesquisas de opinião
Pesquisa Qualitativa – Para entender como os eleitores pensam utilizando grupos focais
Inteligência de Dados em Mídias Sociais – Para quem quer ser relevante nas redes monitorando e analisando dados online